O Federal Reserve (Fed) anunciou nesta quarta-feira (18) a redução de 0,25 ponto percentual na taxa de juros dos Estados Unidos, que agora está na faixa de 4,25% a 4,5%. O movimento já era amplamente aguardado pelo mercado, em meio ao aumento das expectativas inflacionárias após a eleição de Donald Trump à presidência.
Esse é o terceiro corte consecutivo promovido pelo Fed, mantendo o ritmo das reduções anteriores, incluindo o ajuste de novembro. O ciclo atual de afrouxamento monetário teve início em setembro, com um corte mais expressivo de 0,5 ponto percentual — o primeiro desde 2020.
Apesar da decisão atender às expectativas, a mensagem do Fed sugere que o ciclo de cortes pode estar se aproximando do fim. Um indicativo disso foi a falta de unanimidade no comitê: Beth Hammack, presidente do Fed de Cleveland, votou contra a redução, preferindo manter as taxas inalteradas.
Na declaração oficial, o Fed sinalizou a intenção de estabilizar as taxas no futuro próximo, apontando que a inflação continua acima da meta de 2%. Ainda assim, o banco central reiterou que as próximas decisões dependerão de novos dados econômicos e da análise dos riscos.
A redução impactou diretamente o mercado financeiro. O dólar chegou a atingir R$ 6,24, enquanto investidores mantiveram cautela diante das incertezas sobre os próximos passos da política monetária.
“Acreditamos em um novo corte em março, seguido de mais uma redução em 2025, encerrando o ciclo entre 3,75% e 4,00% ao ano. Não há sinais de uma recessão iminente, mas o cenário inflacionário ainda exige atenção”, avaliou Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research.
As últimas projeções do Fed indicam que autoridades esperam apenas dois cortes de juros em 2025, número menor do que os quatro previstos em setembro. O banco central também revisou suas estimativas para um crescimento econômico mais forte, menor desemprego e inflação ligeiramente acima do esperado.
A economia norte-americana tem demonstrado resiliência mesmo com os elevados custos de crédito, o que dá ao Fed maior margem para manobras sem comprometer a saúde do mercado de trabalho. Além disso, a nova administração de Donald Trump promete estimular o crescimento por meio da extensão dos cortes de impostos de 2017 e da redução de regulamentações.
No entanto, as políticas comerciais do presidente eleito podem representar riscos. A imposição de tarifas sobre produtos importados do México, Canadá e China pode elevar a inflação e prejudicar o equilíbrio econômico atual.
Especialistas destacam que os Estados Unidos já alcançaram um raro “pouso suave”, cenário em que a inflação é controlada sem a ocorrência de uma recessão. A sustentabilidade dessa condição, porém, dependerá de fatores internos e externos nos próximos anos.
* Com informações de CNN